Torto Arado

"Torto Arado" fala-nos de escravatura, de exploração de segredos e laços familiares, Tudo isto numa viagem no tempo, que nos consegue transportar para a época e local em questão.

Itamar Vieira Junior, que já foi convidado da nossa rubrica entrevistas, tem uma escrita arrebatadora e consegue aquilo que todos os escritores almejam: prender o leitor desde o inicio.

Recomendo


Ficha Técnica

Título - Torto Arado

Autor -  Itamar Vieira Junior

Editora -  Leya

ISBN - 9789896605773

Género -   Romance

Sinopse -  Prémio Leya 2018

Prémio Oceanos 2020

Um livro comovente que traz a herança dos clássicos

Bibiana e Belonísia são filhas de trabalhadores de uma fazenda no Sertão da Bahia, descendentes de escravos para quem a abolição nunca passou de uma data marcada no calendário. Intrigadas com uma mala misteriosa sob a cama da avó, pagam o atrevimento de lhe pôr a mão com um acidente que mudará para sempre as suas vidas, tornando-as tão dependentes que uma será até a voz da outra.

Porém, com o avançar dos anos, a proximidade vai desfazer-se com a perspectiva que cada uma tem sobre o que as rodeia: enquanto Belonísia parece satisfeita com o trabalho na fazenda e os encantos do pai, Zeca Chapéu Grande, entre velas, incensos e ladainhas, Bibiana percebe desde cedo a injustiça da servidão que há três décadas é imposta à família e decide lutar pelo direito à terra e a emancipação dos trabalhadores. Para isso, porém, é obrigada a partir, separando-se da irmã.

Numa trama tecida de segredos antigos que têm quase sempre mulheres por protagonistas, e à sombra de desigualdades que se estendem até hoje no Brasil, Torto Arado é um romance polifónico belo e comovente que conta uma história de vida e morte, combate e redenção, de personagens que atravessaram o tempo sem nunca conseguirem sair do anonimato.

Itamar Vieira Junior


Itamar Vieira Junior nasceu em Salvador, Bahia, Brasil. É geógrafo e doutor em Estudos Étnicos e Africanos. O seu romance Torto Arado, aclamado pela crítica e pelo público, venceu o Prémio LeYa em 2018, além dos prémios Oceanos e Jabuti no ano seguinte. Tornou-se um verdadeiro best-seller no Brasil, com mais de 250 000 exemplares vendidos, e está a ser traduzido em mais de uma dúzia de países e estando prevista a sua adaptação televisiva. Doramar ou a Odisseia, já com várias edições no Brasil, reúne contos do autor escritos antes e depois da publicação do romance.



Novidades Literárias Abril 2024

Quando os Rios se Cruzam



Título: Quando os Rios se Cruzam
Autor: Rita da Nova
Editora: Manuscrito Editora
Sinopse: «Durante anos, imaginei o que aconteceria quando contasse tudo isto, quando cravasse a mão no peito para extrair a culpa lá de dentro. E posso concluir que foi como arrancar o meu próprio coração, com a desvantagem de continuar viva.»
Para Leonor, ir de Erasmus significava começar de novo ? aqueles meses em Turim seriam o balão de oxigénio de que tanto precisava para se afastar da mãe controladora, talvez até libertar-se da pessoa reservada e observadora que tinha aprendido a ser a casa. Onde ninguém a conhecesse, poderia ser quem quisesse.
Na cidade italiana, ela descobre partes de si que ignorava existirem, muitas delas novas e entusiasmantes. Mas há um outro lado de si que se revela, uma parte que a envergonha e amedronta, atitudes em que não se reconhece e cujas consequências vão ficar consigo para sempre.
Dez anos depois, mais uma vez a adiar o reencontro com o passado, Leonor dá por si a revelar a uma estranha tudo o que aconteceu naqueles meses e de que forma o fogo, até então tão inofensivo, acabou por lhe deixar marcas eternas.
* Depois de um romance de estreia que se tornou um sucesso imediato, Rita da Nova está de volta com uma personagem complexa em busca de si própria, que procura conciliar as suas várias versões. Afinal, somos mais nós quando estamos junto das pessoas que nos conhecem ou quando estamos longe de tudo e podemos ser quem quisermos?"

O Rapaz - Há encontros que duram a vida toda.



Título: O Rapaz - Há encontros que duram a vida toda.
Autor: Michel Houellebecq
Editora: Cláudio Ramos
Sinopse: Será uma vida suficiente para se viver um grande Amor?

A História de uma Paixão entre duas pessoas que se encontram no lugar certo, mas no tempo errado.
Podemos amar alguém uma vida inteira?
Sou dos que acredita que se pode amar uma pessoa a vida toda e toda a vida pode até ser pequena para tanto amor. Não temos de amar todos na mesma medida, nem tomar o pulso ao que os outros sentem. Vamos aprendendo com a idade que o amor é só isso e nada mais. Não o devemos exibir, complicar, humilhar, amachucar de forma a chamar a atenção para outra coisa qualquer. O amor é só amor e qualquer história de amor conta isso mesmo.
A história deste livro é a de uma paixão vivida fora de tempo, talvez fora de horas, por duas pessoas que se encontram no lugar certo, mas no tempo errado.
Quando me perguntam porque escrevo sobre o amor, é porque não acredito que exista força maior.
O amor é agarrar em coisas boas e transformar a vida, colando-as umas nas outras de maneira que fiquem poucos espaços para outra coisa que não seja o amor. É amar um lugar, um cheiro, uma lembrança, um animal, uma música, é gostar de andar na rua, é ter vontade de sentir a chuva, o vento, de aproveitar o sol.
O amor é vida que cada um de nós tem de aproveitar se nos bater à porta. Nunca percam de vista a vossa pessoa certa. Vale sempre a pena tentar. Sempre!

O RAPAZ
Houve um rapaz que apareceu na minha vida e me fez voltar a acreditar, e perceber que, além de estar vivo, devo gostar de viver, devo valorizar o que sou, que não me devo render e que, se em algum momento deste meu caminho, alguém me disse que eu não valia a pena, essa pessoa estava enganada. Esse rapaz foi, acima de tudo, uma luz bonita que me voltou a fazer sentir vivo e me resgatou de um lugar escuro onde estava depositado há demasiado tempo, e isso é tudo.
Quando alguém nos volta a ensinar a respirar devagar e, ao mesmo tempo, de forma acelerada, é porque pode ser a pessoa certa, e eu percebi logo que podia ser. Na vida, as histórias, além de amor, têm verdade, sim, porque nem sempre o amor consegue sobreviver só de amor. Queria muito que gostassem de ler este livro porque, a partir de hoje, é vosso.

Magnólia Parks - Livro 4: A Grande Ruína



Título: Magnólia Parks - Livro 4: A Grande Ruína
Autor: Jessa Hastings
Editora: Edições Asa
Sinopse:  Daisy Haites acreditava ter deixado tudo para trás: o crime, a família e o homem que ama. Mas tudo o que se esforçou por construir se desmorona quando é ameaçada de morte. Daisy dá por si de novo sob o olhar atento do seu irmão, Julian, chefe de um gangue, e também do amor da sua vida, com quem não fala desde que o deixou, ou terá sido ele a deixá-la? Tudo se complica quando a bela Magnolia Parks entra em cena. À medida que Daisy e Magnolia criam uma amizade peculiar, o passado de Julian paira sombriamente sobre todos. Porque para Julian, apaixonar-se não é apenas indesejável - pode ser fatal…

Catarina e a Beleza de Matar Fascistas



Título: Catarina e a Beleza de Matar Fascistas
Autor: Tiago Rodrigues 
Editora: Tinta da China
Sinopse: A peça-fenómeno de Tiago Rodrigues, agora em livro: « UM DIA POR ANO, UMA DE NÓS ATEAVA UM INCÊNDIO.» Esta família mata fascistas. É uma tradição antiga que cada membro do núcleo familiar sempre seguiu. Hoje, reúnem-se novamente numa casa no campo, no Sul de Portugal. Uma das jovens da família, Catarina, vai matar o seu primeiro fascista, raptado de propósito para o efeito. No entanto, Catarina é incapaz de concretizar o homicídio ou recusa-se a fazê-lo. Estala assim o conflito, acompanhado de várias questões. O que é um fascista? Há lugar para a violência na luta por um mundo melhor? Podemos violar as regras da democracia para melhor a defender? O espectáculo criado a partir deste texto, com encenação também de Tiago Rodrigues, foi apresentado com grande sucesso de crítica e público em várias salas portuguesas e em vários países, merecendo o Prémio de Melhor Espectáculo Estrangeiro em França e Itália. com posfácio de Gonçalo Frota. «E como é que começou tudo? Com a opiniãozinha. Explorando o medo e o preconceito. Mentindo. Manipulando. Criando a infra-estrutura da impunidade. Os alicerces do edifício fascista. Agora vale tudo. Porquê? Porque nós permitimos que eles continuassem a falar, a falar, a falar. Que nojo. Há anos a ouvi-los. Cada vez mais opiniões. Cada vez mais vozes fascistas. E nós a ouvi-los. Uma náusea. Uma impotência. Uma vontade de matar. E queres tu que eu o deixe falar? Para fazer um dos seus discursos? As palavras são poderosas, Catarina. Devias saber isso. Os discursos que ele escreveu, agora são leis. Amanhã serão artigos da Constituição. E onde é que começou? Na opiniãozinha. A maldita opiniãozinha que ninguém teve a coragem de matar à nascença.»

A Espia de Oppenheimer



Título: A Espia de Oppenheimer
Autor: Daniel Pinto
Editora: Saída de Emergência
Sinopse: 1945. Projeto Manhattan. O físico J. Robert Oppenheimer tenta desesperadamente produzir a bomba atómica. Os Aliados, receando que os nazis se antecipem, colocam em marcha uma operação para travar o desenvolvimento científico dos alemães. Para isso, o lendário espião Simon Clifford é incumbido de localizar e apoderar-se de informações ultrassecretas. De Beirute a Praga, e de Londres a Viena, conta com a ajuda de Jason Walker, um militar de elite britânico, que conhece em primeira mão a última esperança dos Aliados para impedir Hitler de obter a bomba: Marianne Lauterbach. Ela é uma mulher deslumbrante que, em tempos, Jason amou… e traiu. É também uma respeitada funcionária da Chancelaria do Reich, que, em segredo, odeia os nazis. Em breve, Jason e Marianne estarão em Berlim, a partilhar muito mais do que informações privilegiadas. E, enquanto a relação proibida entre ambos se aprofunda e o cerco à cidade se aperta, Marianne terá de fazer a escolha mais difícil da sua vida. Estará disposta a trair tudo e todos em prol dos Aliados? Este é um dos thrillers mais notáveis dos últimos anos. Alucinante, com um ritmo de cortar a respiração e repleto de reviravoltas, A Espia de Oppenheimer é muito mais do que espionagem, amor e traição: revela os verdadeiros bastidores de um momento que alterou a História.

Adeus para Sempre



Título: Adeus para Sempre
Autor: Lesley Pearse
Editora: Edições Asa
Sinopse: Quando o marido de Betty Wellows regressa a casa após combater na Primeira Guerra Mundial, vem um homem diferente. Confuso e atormentado, está claramente a sofrer os efeitos da devastação que testemunhou nas trincheiras. Após uma penosa temporada em que a esperança dá lugar ao desespero, Betty percebe que já não há como salvar o seu casamento. Num momento de coragem, Betty aproveita uma oportunidade para fugir, deixando tudo para trás. Sendo filha de um pescador, ela conhece apenas a pequena vila de Hallsands, no Devon, onde vivera. Agora, a coberto de uma nova identidade, sem dinheiro e sem ninguém, Betty repensa todas as suas escolhas, pois começar de novo não é tarefa fácil. E estava longe de imaginar que poderia envolver um assassinato… Para sobreviver, Betty vai ter de continuar em fuga e rumar ao desconhecido.

As Velas Ardem Até ao Fim

Este entrou para os meus preferidos. Uma escrita cativante e comovente, que nos faz refletir sobre a amizade e o seu valor.

Recomendo

Ficha Técnica

Título - As Velas Ardem Até ao Fim

Autor -  Sándor Márai

Editora -  Dom Quixote

ISBN - 9789722020626

Género -   Romance

Sinopse -  Um pequeno castelo de caça na Hungria, onde outrora se celebravam elegantes saraus e cujos salões decorados ao estilo francês se enchiam da música de Chopin, mudou radicalmente de aspecto. O esplendor de então já não existe, tudo anuncia o final de uma época. Dois homens, amigos inseparáveis na juventude, sentam-se a jantar depois de quarenta anos sem se verem. Um, passou muito tempo no Extremo Oriente, o outro, ao contrário, permaneceu na sua propriedade. Mas ambos viveram à espera deste momento, pois entre eles interpõe-se um segredo de uma força singular...

Sándor Márai

Celebrado autor de As Velas Ardem até ao Fim Sándor Márai nasceu em 1900, em Kassa, uma pequena cidade húngara que hoje pertence à Eslováquia. Passou um período de exílio voluntário na Alemanha e em França durante o regime de Horthy, nos anos 20, até que abandonou definitivamente o seu país, em 1948, com a chegada do regime comunista, tendo emigrado para os Estados Unidos. A subsequente proibição da sua obra na Hungria fez cair no esquecimento quem nesse momento era considerado um dos escritores mais importantes da literatura centro-europeia. Foi preciso esperar várias décadas, até à queda do regime comunista, para que este extraordinário escritor fosse redescoberto no seu país e no mundo inteiro. Sándor Márai suicidou-se em 1989, em San Diego, na Califórnia, poucos meses antes da queda do muro de Berlim.



O fio das missangas

Mais um livro de Contos de Mia Couto. Os contos são pequenos mas intensos, e com a habitual escrita deliciosa de Mia Couto.

Recomendo


Ficha Técnica

Título - O fio das missangas

Autor -  Mia Couto

Editora -  Editorial Caminho

ISBN - 9789722126984

Género -   Contos

Sinopse -  Uma vez mais Mia Couto regressa ao conto, género literário que parece ser o da sua maior realização. Estórias breves mas contendo, cada uma delas, as infinitas vidas que se condensam em cada ser humano. Uma vez mais, a linguagem é trabalhada como se fosse delicada filigrana, confirmando o que o autor disse de si mesmo: «Conto histórias por via da poesia.» São vinte e nove contos unidos como missangas em redor de um fio, que é a escrita encantada de um consagrado fabricador de ilusões.

Tudo é Rio

Tudo é Rio é um livro que nos conta a história de Lucy, uma prostituta por vocação, que se envolve num triangulo amoroso com Dalva e Venâncio. É sobre Amor, ciúme e família. 

A escrita é fluida e consegue envolver o leitor na narrativa.

Recomendo


Ficha Técnica

Título - Tudo é Rio

Autor -  Carla Madeira

Editora -  Particular Editora

ISBN - 9789898860873

Género -   Romance

Sinopse -  Suor, sangue, lágrimas, saliva, sémen. Tudo flui sem parar.

Lucy é a prostituta mais concorrida da cidade. Dalva, por contraste, é de origem familiar e muito tradicional, mulher de Venâncio, senhor de uns ciúmes doentios.

Lucy e o casal, Dalva e Venâncio, protagonizam um triângulo amoroso que se afasta dos lugares-comuns dos romances e nos faz questionar, sob formas surpreendentemente originais, quais os verdadeiros limites do perdão, até onde pode ir a intensidade de um amor, de que valores se reveste a importância da família e, acima de qualquer outra coisa nesta história, quão forte ou fraca pode ser a afeição entre mulheres.

Neste seu impressionante primeiro livro, a escritora brasileira Carla Madeira socorre-se de uma linguagem sem pudores ou complexos, com uma narrativa madura, mas ao mesmo tempo poética e imagética; e dessa forma incorpora todos os extremos, sem ideias básicas de certo e errado, apresentando-nos o extraordinário mundo de mulheres fortes, fracas, com problemas e soluções, com sentimentos e desejos reais.

Entrevista a Isabela Figueiredo

A rubrica "Entrevistas" está de regresso, desta vez com Isabela Figueiredo.

Esta autora nasceu em Lourenço Marques, Moçambique, hoje Maputo, em 1963, e veio para Portugal em 1975, após a independência de Moçambique.

Entre outras obras, escreveu o livro "A Gorda", cuja leitura já foi aqui registada.

Muito Obrigada à Isabela por ter respondido às minhas perguntas.


HT: A Isabela veio de Moçambique muito jovem. Como foi a adaptação a Portugal?

Isabela Figueiredo: Foi difícil. Dorida. Com muita desilusão sobre o país e as pessoas. Foi um processo de adaptação a um lugar de exílio. 

HT: Alguma vez sentiu o estigma dos retornados?

 Isabela Figueiredo: Senti-o todos os dias, entre a data da minha chegada a Portugal e uma que situarei de forma imprecisa em 1984, porque penso ser essa a altura a partir da qual o tema retornados saiu do discurso diário. 

HT: Li que regressou a Moçambique me 2016. Qual foi a sensação?

Isabela Figueiredo: Foi uma bela lição para quem pensava não pertencer inteiramente a Portugal, não ser portuguesa legítima. Senti-me no estrangeiro, na terra onde nasci. Conhecia todos os lugares, conhecia os hábitos, reconhecia a língua, a cultura, mas era a terra dos outros. Disse a pouca gente que eu também era de lá. Para quê? Foi a sensação de uma bofetada forte, fria e seca nas trombas. 

HT: Fez os estudos cá, trabalhou como jornalista e também deu aulas. Como é que surge a escrita na sua vida?

Isabela Figueiredo: Fiz os estudos também lá. Iniciei lá. Os estudos não se resumem à formação universitária. A escrita surgiu com naturalidade. Eu gostava de ler e, portanto, escrever era a consequência expressiva dessa prática. Percebi cedo, muito cedo, e refiro-me à escola primária, que tinha jeito para escrever.

HT: No seu livro “A Gorda”, fala abertamente da relação com o corpo, sem rodeios e “salamaleques”. Sempre teve uma boa relação com o seu corpo?

Isabela Figueiredo: Até à puberdade o meu corpo foi fácil. Era uma rapariga ágil, cujo corpo servia bem aquela que o habitava. Servir bem significa que eu não o sentia e não era alvo de qualquer atenção em particular por sua causa. Após a puberdade, muda tudo. A genética dotou-me com um corpo volumoso e paguei o preço por esse volume, que não estava na moda, embora fosse uma rapariga bonita e saudável. Desenxovalhada. Eu sabia-o. Por isso, ser alvo de troça e de rejeição era incompreensível, incoerente. Não havia nada de errado em mim e, no entanto, eu era um erro, uma anormalidade. Não foi fácil. Não desejaria voltar a viver esses tempos.

HT: Como funciona o seu processo de escrita? Tem uma rotina ou escreve quando está inspirada? 

Isabela Figueiredo: Escrevo quando estou inspirada e depois escrevo todos os dias, nas fases finais. Não percebo porque perguntam sempre isto. A semana passada perguntaram-mo quatro vezes. 

HT: Gosta de ler? Em caso afirmativo, quais as suas referências literárias?

Isabela Figueiredo: É impossível alguém chegar a escritor sem ter lido muito. 

As minhas referências literárias são conhecidas. Literatura francesa, inglesa, russa, italiana, brasileira e portuguesa. Tudo o que li me construiu um pouco.

HT: Para terminar, já pensa noutro livro ou ainda está a "aproveitar" este?

Isabela Figueiredo: Estou já no próximo, mas claro que recebo os ecos do último e estou muito contente com o que me vai chegando.

A História de Uma Serva

Vi a primeira parte da série e agora decidi começar com os livros. 

Tal como na série, o livro também é angustiante. As personagens estão muito bem contruídas, o enredo prende-nos desde o inicio e a escrita é bastante fluente.

A angustia prende-se com o facto daquilo ser passível de acontecer nos dias de hoje.

Recomendo tanto o livro como a série.


Ficha Técnica

Título - A História de Uma Serva

Autor -  Margaret Atwood

Editora -  Bertrand Editora

ISBN - 9789722525770

Género -   Romance

Sinopse -  Uma visão marcante da nossa sociedade radicalmente transformada por uma revolução teocrática. "A História de Uma Serva" tornou-se um dos livros mais influentes e mais lidos do nosso tempo.

Extremistas religiosos de direita derrubaram o governo norteamericano e queimaram a Constituição. A América é agora Gileade, um estado policial e fundamentalista onde as mulheres férteis, conhecidas como Servas, são obrigadas a conceber filhos para a elite estéril.

Defred é uma Serva na República de Gileade e acaba de ser transferida para a casa do enigmático Comandante e da sua ciumenta mulher. Pode ir uma vez por dia aos mercados, cujas tabuletas agora são imagens, porque as mulheres estão proibidas de ler. Tem de rezar para que o Comandante a engravide, já que, numa época de grande decréscimo do número de nascimentos, o valor de Defred reside na sua fertilidade, e o fracasso significa o exílio nas Colónias, perigosamente poluídas. Defred lembra-se de um tempo em que vivia com o marido e a filha e tinha um emprego, antes de perder tudo, incluindo o nome. Essas memórias misturam-se agora com ideias perigosas de rebelião e amor.

Margaret Atwood

Margaret Atwood nasceu em Otava, em 1939. É uma das mais celebradas autoras canadianas, senão a melhor, e, além de A História de Uma Serva – agora uma série de televisão multipremiada –, publicou mais de quarenta livros de ficção, poesia e ensaio. Recebeu diversos prémios literários ao longo da sua carreira, incluindo o Arthur C. Clarke, o Booker Prize (em duas ocasiões, por O Assassino Cego, em 2000, e por Os Testamentos, em 2019), o Prémio Príncipe das Astúrias para a Literatura, o Pen Center USA Lifetime Achievement Award e o Prémio da Paz dos Editores e Livreiros Alemães. Foi ainda agraciada com o título de Chevalier da Ordem das Artes e das Letras de França e com a Cruz de Oficial da Ordem de Mérito da República Federal da Alemanha. Uma das mais ativas vozes do feminismo moderno, na ficção e na não ficção, está traduzida para trinta e cinco línguas. Vive em Toronto.

Margaret Atwood recebeu, em 2022, o título de Doutora Honoris Causa, atribuído pela Universidade do Porto pela «extraordinária qualidade da sua obra literária, a importância da sua reflexão intelectual e a pertinência do seu combate público por uma sociedade mais justa, digna e sustentável.»