Entrevista a Isabel Stilwell

Esta semana vamos ficar a conhecer um bocadinho mais de Isabel Stilwell, a quem agradecemos desde já esta entrevista.

HT: Quer contar-nos como nasceu a sua paixão pela escrita?
Isabel Stilwell: Acho que é tão antiga como o momento em que aprendi a escrever. A minha mãe dizia sempre que era a minha pressa em escrever, com as ideias a correrem mais depressa do que a caneta, que me fazia tropeçar na grafia das palavras. Dava imensos erros, e às vezes, só eu é que conseguia ler os hieróglifos que escrevia, mas nada me impedia de contar a história que queria contar. Sinto que era uma continuação da palavra - também falava pelos cotovelos na ânsia de dar todas as notícias.... 

HT: A sua obra é muito abrangente, uma vez que engloba ficção, literatura infantil e romance histórico. Destes três géneros consegue escolher o seu preferido?
Isabel Stilwell: Não, não consigo, porque correspondem a momentos diferentes da minha disposição, e completam-se. Mas os romances históricos são o meu esforço mais sério e consistente, são aqueles a que dedico mais tempo, tanto de investigação como de escrita. E o facto de terem tantos e tão entusiásticos leitores conta muito. De cada vez que alguém me diz que não conseguiu parar de ler, que quis ler todos depois de ter lido um, e que através deles se reconciliou com a história de Portugal, enche-me de vontade de continuar a escrever. 

HT: No caso dos romances históricos, a investigação leva-lhe muito tempo?
Isabel Stilwell: A investigação leva quase dois anos em média. Mas é fascinante partir à procura de uma personagem que de um desconhecida se torna, a cada dia, numa pessoa mais próxima, de que vamos percebendo as qualidades e os defeitos, e através dela toda uma época e um mundo. É mesmo um trabalho de detective, de juntar peças do puzzle.

HT: Além da escrita, é jornalista, mãe e avó. Como é que consegue conciliar o tempo?
Isabel Stilwell: Quando penso nisso percebo que a única maneira de conciliar muitas coisas, e todas tão diferentes, é em cada momento estabelecendo prioridades. O que, ou quem, precisa mais da minha atenção neste momento. Mas quando olho para as mães de filhos pequenos a tentarem fazer tudo ao mesmo tempo, e ainda por cima privadas de sono, abro a boca de espanto e admiração. É mesmo um milagre, são polvos com muitos braços! Hoje os meus filhos já são grandes, e as netas são uma paixão, mas são responsabilidade dos pais, por isso tenho mais tempo e, sobretudo, durmo à noite o que é meio caminho andado para ter mais energia.

HT: Gosta de ler? Se sim, quais as suas referências literárias?
Isabel Stilwell: Adoro ler, e às vezes fico zangada com os ipads, sites, facebooks e coisas assim porque quando dou por isso perdi tempo demais a navegar de um lado para o outro, em vez de começar um novo livro... As minhas referencias literárias não são muito convencionais. Começaram com o Winnie the Pooh, do A.A. Milne ( não o da Disney!) ouvido ao colo da minha mãe. Depois as Crónicas de Nárnia, do CS Lewis! que os meus irmãos me leram! e pelo meio era devoradora de todos os livros da Enid Blyton, que me puseram a ler sozinha e a comprar uma lanterna para ler debaixo dos cobertores. Depois há tantos e tantos livros que me fizeram esquecer onde estava e me levaram para outras existências. No romance histórico, e mais recentemente, li os livros da Philippa Gregory, e descobri o Wolf Hall, da Hilary Mantel que adorei. Podia continuar por aqui adiante durante horas e mesmo assim amanhã ia bater com a mão na testa e dizer " oh não como é que me esqueci deste"

HT: Acabou de lançar um romance histórico no ano passado. Já está a preparar o próximo?   
Isabel Stilwell: Acabei e entreguei em Julho passado à editora a Ínclita Geração, sobre a vida da duquesa de BORGONHA, e através dos olhos dela dos seus irmãos e cunhadas, de Portugal dos Descobrimentos. Foi um romance mesmo empolgante de pesquisar e escrever. Como é que é possível que os portugueses, todos nós saibamos tão pouco de uma princesa que foi mesmo uma mulher que mudou a Europa do século XV ? Que nos tenhamos ficado pelo infante D. Henrique, de quem aliás também conhecemos mais os mitos do que a realidade, como se a única mulher daquela ínclita geração não tivesse existido ou feito nada digno de nota? Foi bom resgatá-lá e fazer-lhe justiça. Ai desculpe já me entusiasmei e esqueço a sua pergunta. Sim, sim, desde Julho que já tenho uma outra heroína na cabeça. Vamos ver quando está pronta!  

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