Entrevista a Carlos Nuno Granja

O convidado de hoje para a rubrica Entrevistas é Carlos Nuno Granja, a quem agradeço desde já por ter respondido às minhas perguntas.

HT: Vamos começar com aquela pergunta que já é habitual nas nossas entrevistas: Como é que surgiu o gosto pela escrita?
Carlos Nuno Granja: Comecei a escrever por incentivo da minha mãe que escrevia os seus poemas para eu ler e que me comprava um livro por mês. Era um momento único e eu devorava as palavras em pouco tempo. A partir daí comecei a desenvolver a minha escrita que se sustentou mais ainda quando recebi a máquina de escrever por volta dos 11 anos. Nunca mais parei.

HT: Acha o processo de edição de um livro fácil ou complicado?
Carlos Nuno Granja: O processo de edição é sempre mais arriscado para o autor. O risco fica quase sempre com ele e todo o processo de divulgação e  de promoção do livro está a seu cargo. Na verdade, é como se fosse um filho que se tem para cuidar e sustentar. Agora, quanto ao processo em si, é bastante complicado, moroso e trabalhoso. É um trabalho de parceria, entre autor e editor, que exige muita concentração e cumplicidade quanto baste.

HT: O Carlos é professor e escritor. Como é que concilia estas duas actividades?
Carlos Nuno Granja: Só uma grande dose de paixão é que permite a conciliação da minha actividade profissional com a escrita, ainda que possam estar ligadas, seja através do incentivo à leitura, seja pelas inúmeras actividades que posso desenvolver por via do trabalho nas escolas. Contudo, não é nada fácil e exige bastante paciência, perseverança e dedicação.

HT: A sua obra publicada engloba livros infantis e poesia. Qual destes géneros literários lhe dá mais prazer escrever?
Carlos Nuno Granja: Eu adoro escrever poesia. É o meu primeiro amor. As histórias infantis permitem um maior devaneio da imaginação. E consegue-se um gratificante trabalho com as crianças. Mas a poesia também me faz chegar muito perto das pessoas, pois nem todos gostam de ler poesia e quem gosta, normalmente, é capaz de demonstrar uma paixão muito cativante. Consigo gostar destes dois géneros de uma forma diferente, mas também de uma forma que me deixa realizado interiormente.

HT: Presumo que goste de ler. Quais são as suas referências literárias?
Carlos Nuno Granja: Na poesia tenho o Fernando Pessoa como o poeta genial. Mas adoro também o Ruy Belo, o Al Berto ou o Alexandre O'Neill, para além de Florbela Espanca ou Natália Correia, entre muitos outros. Na prosa, David Mourão-Ferreira ou José Cardoso Pires. Mas poderia enumerar formando uma lista extensa sem fim definido. Na literatura infantil, António Torrado, António Mota, Luísa Ducla Soares e Maria Alberta Menéres, se bem que goste de David Machado ou Afonso Cruz nesta nova geração. Mas há tantos com enormes capacidades para contar histórias para crianças.

HT: Para finalizar, outra pergunta habitual: já está a trabalhar num novo livro?
Carlos Nuno Granja: Estou a ganhar coragem na prosa, mas quero ter algo de que goste, que me faça compreender que pode preencher o ego de outros leitores. Na poesia poderia publicar de forma constante, escrevo muito, sem parar. Assim como nas histórias infantis. Tenho tantas escritas. Se houvesse editora para apostar nisto talvez fosse no mesmo barco. Mas julgo que vou apostar num livro de contos para adultos. É uma aposta que fiz para mim. E acho que vou ter de a vencer.

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