Entrevista a Helder Martins

Esta semana o meu convidado para a rubrica entrevistas é Helder Martins, a quem agradeço desde já.
Podem ficar a conhecer melhor o trabalho deste autor através da sua página: https://www.facebook.com/Tellargya

HT: É inevitável começar com esta pergunta: Como é que surgiu a ideia de publicar um livro?
Helder Martins: Bem, esta é uma ideia já um pouco antiga. Não a ideia de escrever mas a história aqui hoje transcrita. Eram personagens que na minha mente via interagir, a relacionar-se. Eram peripécias e jornadas que por vezes acompanhavam-me no caminho para a escola. Imaginava acontecimentos e formas de os cruzar sobre possíveis imprevistos. 
A ideia de escrever um livro, isso sim, surgiu mais tarde. De imaginativo passei a grande amante da literatura fantástica. Sem gostar de ler de todo encontrei o tema que para mim era estimulante. E encontrei-o, na larga colecção de fantasia épica de que hoje sou detentor.
Com os vários desafios propostos no percurso escolar fui adquirindo as ferramentas necessárias para avançar num pequeno hobbie: a escrita. Em períodos livres fazia-me acompanhar por um caderno e uma caneta e transcrevia uma ideia antiga. Mais consistente, mais elaborada. Via personagens familiares ganharem um corpo e um propósito. Sentava-me nas mesas dos cafés pela inspiração que me traz, escutava um pouco de música de japonesa pelo ambiente de uma letra que não me prende a mente e quando dei por mim havia terminado um primeiro volume. 

HT: Como correu o processo de edição?
Helder Martins: Claramente um processo de grande ansiedade. Terminado um primeiro livro sentia-se agora a necessidade de saber que estava tudo em conformidade. Foram feitas correcções e revisões sobre a primeira crítica de uma pessoa, a mim muito querida, que mesmo não gostando do tema conseguiu identificar-se e entusiasmar-se com a forma como a componente humana estava ali tão bem delineada num mundo de fantasia. 
Registado os direitos de autor era então o momento de enviar para possíveis interessados. Satisfação a minha pelas respostas inicialmente tidas e por um feedback positivo. Ponderando a proposta da Chiado Editora e mais seriamente no saber de quem me dizia ter algo ao meu alcance e puder realizá-lo, acabei por iniciar o processo de edição. 
A expectativa era crescente de dia para dia. A chegada de uma proposta para capa, a paginação da obra, o encontrar o espaço ideal para o meu lançamento no mundo literário, a promoção e divulgação. Foi todo um período de muita ansiedade acrescidos de uma personalidade que procura não falhar. 
E finalmente com o tacto do meu primeiro livro em mãos e de um auditório preenchido com presenças importantes e até mesmo surpreendentes, permiti-me então relaxar, sabendo que realizei aquilo que era afinal um sonho e de ter construído o que espero ser uma companhia e uma inspiração para qualquer pessoa. 

HT: Para quem, como eu, ainda não leu este livro, pode falar-nos um bocadinho sobre ele?
Helder Martins: Claro que sim. Bom, esta é uma história que tem lugar num mundo de fantasia criado por mim. Todo um continente e ilhas, numa época medieval, com uma origem peculiar e justificada mas que deixarei à vossa curiosidade.
Sobre a história em si: esta é a vida de um jovem aldeão, perito nas artes mágicas mas que vê a sua vida restringida pelo dever à família. Cedo perde o pai e assume toda uma precoce responsabilidade, o que de certa forma o amargura quanto à sua necessidade de querer reconhecimento e poder.
Numa noite de humores mais carregados e sentimentos à flor da pele dá mostras de um poder antigo e com ele a possibilidade de ser a reencarnação de um dos criadores de Tellargya. Como consequência de uma atitude irracional desperta por todo o continente o retomar da eterna batalha entre o bem e mal. E como tal, esta personagem principal vê a sua aldeia destruída e a sua irmã raptada. 
A jornada começa então na companhia de um peculiar dragão e entre eles o verdadeiro conceito de amizade e lealdade, por todo o continente com base num tópico que penso que cativará os leitores. O verdadeiro conflito interior e a forma como nos moldamos sobre escolhas entre os nossos próprios desejos e objectivos e o ter, que por vezes, deixar de lado esses mesmos compromissos para fazer o que é moralmente correcto. 

HT: O que mudou na sua vida depois da publicação do livro?
Helder Martins: Curiosa pergunta. Um pouco pela surpresa que foi e também arrisco a dizer orgulho de quem me conhece penso que consegui um pouco daquele reconhecimento que também procurava. Aquele desejo, de vermos na realidade e já pelas várias mãos que tocaram o meu livro, o sermos recordados. 
Tenho conhecido também pessoas muito interessantes. Aprendido e crescido com outras experiências e opiniões. E de um feedback que até então tem sido positivo, mesmo de leitores cujo tema nem lhes é apelativo mas que pela forte componente humana se reveem, mudou o meu compromisso para com este projecto que antes era um hobbie. Por quem já leu e me pergunta sobre uma continuação passei a escrever com uma maior regularidade. 
Numa nova fase que é a passagem pelas escolas, mesmo aquelas por onde passei, num apelo também à importância da leitura tenho sido bem acolhido e até então tem sido muito gratificante a realização desta obra.

HT: Para terminar, sei que ainda é muito cedo, mas não posso deixar de perguntar: já pensa num novo livro ou ainda está a “aproveitar” este?
Helder Martins: Ambas as situações. Presentemente, estou em vias de concluir o segundo volume. Posso adiantar que está repleto de um maior mistério e suspense. Há novas personagens, novos enredos que se cruzam entre si. Sinto-me bastante satisfeito com a forma como os capítulos vão surgindo, tornando-se muito interessantes. 
Mas continuo também a promover o primeiro livro das Crónicas de Tellargya. Dos meus círculos pessoais tenho conseguido passar aquela companhia literária. E penso que é possível chegar ainda mais longe. Alcançar mais leitores e retirar novas críticas. E ao mesmo tempo abrir caminho para o que acredito ser uma grande saga.  










Sem comentários: